2.9.07

Katylene Beezmarcky, a travesty de Xerem

Seja quem estiver por trás do Papel Pobre, é impossível negar sua genialidade. Deixando de lado a persona “Sônia Abraham”, o blog passou a ser assinado por “Angela Bismarchi”. Não se sabe como (suspeita-se que Daniel e Mariana tenham um amigo jornalista) mas, três meses após sua criação – ainda com o estilo indefinido, um layout simples e posts pouco atualizados, o Papel Pobre foi noticiado na Folha de São Paulo.


Essa notícia, além de publicada na Folha, foi postada por Phelipe em seu site, onde nos comentários já se noticiava a existência do blog-paródia. Através da notícia da Folha ou da “brecha” de Phelipe novos rumos apontariam para Angela que, deixando o corpo da modelo esculpido pelo marido cirurgião-plástico, originou Katylene Beezmarcky, travesti nascida em Xerém, subúrbio do Rio de Janeiro, que tem como paixão escrever e freqüenta o curso de alfabetização para crianças portadoras de necessidades especiais.

Daniel e Mariana assumem definitivamente o alter-ego, adquirindo a charada misteriosa e o anonimato, herdando de “Sônia Abraham #1” e “Sônia Abraham #2” as máscaras de “Katy #1” e “Katy #2”. Nada melhor para a fantasia de travesti do que um pajubá afiado e divertidíssimo – língua banto-africana comum no candomblé que michês e travestis se apropriaram para comunicarem-se.



Abandonando os posts longos, Papel Pobre define seu humor com frases curtas e rápidas, sacadas geniais, muitas fotos e um aguçado senso de observação. Da festa do Oscar as premières de filmes, as principais fontes de informação são os sites estrangeiros. Katylene personifica uma (duas) pessoa culta, fluente no inglês, capaz de fazer referências multiculturais em um único post.



O blog vive um momento agradável de contracultura, underground ao já underground mundo dos blogs. Via-se, quando muito, apenas 20 pessoas comentando (futuramente ter-se-ia picos de 500 comentários em um único post) – os lugares-comuns tomam forma: Britney Spears vira Nonô, a vocalista do Black Eyed Peas, Fergie, é tomada pela alcunha de Fergalinha e é a (des)preferida de Katylene no quesito beleza, Paris Hilton e sua prisão, as padêzeiras: Amy Winehouse, Lindsay Lohan e a briga entre Kelly Clarkson e seu peso. Antes do momento “Umidificação do dia” posts são dedicados a Marc Jacobs e ao jogador de futebol David Beckham e a época do “Rehab is the new black”. Lu é a primeira subpersonagem, vendendo conhecimento através da Wikipedia e se passando por Barsa.





A partir de agora se tem o início da vertiginosa escalada do papelpobre.blogspot.com no gosto do internauta. Leitores do Papel Pop e do Pobre começam a disputar entre si opiniões sobre qual blog é o melhor e qual blog noticiou tal fato primeiro. Katylene assume definitivamente a figura que povoa o imaginário dos leitores do blog.

3 comentários:

Anônimo disse...

Para quem não entendeu a atitude tresloucada de uma das kat´s, que resultou no fechamento do blog papelpobre, façam um exercício de deslocamento.

Imagine que você é uma pessoa jovem, que não tem um business plan ligado à construção de um blog, uma marca ou o que for.

Imagine que você tem idéias, que gostaria de compartilhar as coisas que pensa e sente, sem muita responsabilidade, sem ter que ficar formulando, formatando, diagramando e revisando ou consultando o jurídico.

Imagine que a sua vida toda, as pessoas te olhavam menos por orgulho e mais para reprovar. Afinal de contas, esse é o país em que beijo gay não aparece em novela de televisão, em que casal gay é repreendido por beijo em shopping de clientela predominantemente gay, em que gays são espancados e mortos bem próximos à Av. Paulista, em que gays não podem construir uma vida juntos e receber da sociedade via poder público os mesmos benefícios concedidos à casais heterossexuais. Um país em que os gays na mídia ou são deputados tresloucados que negam a homossexualidade visível por anos, ou estilistas risíveis que riem de tudo ao mesmo tempo em que são objeto de chacota ou pessoas que se camuflam e plasmam sua sexualidade como estratégia de sobrevivência. Em que o fato de ser gay já é mote para piadas, deboches e bordões na vida real e na televisão.

Katylene beesmarky não existia, era uma personagem. Mas um dos jovens que ajudava a dar vida à essa personagem existe. E é gay.

Eu poderia continuar o texto, mas penso não ser necessário.

Esse país não é a Av. Paulista, não é São Paulo. Não é a Farme de Amoedo, no Rio. Não é um Paraíso Tropical de Gilberto Braga em que tudo está bem com os gays, mesmo eles não tendo uma vida normal, ou é normal o casal assexuado da novela?

Um gesto incompreendido, de quem não se sente compreendido, elementar, não fosse a preguiça de muitos que insistem em não ver o que se passa um palmo à frente dos seus olhos.


Imagine there's no heaven,
It's easy if you try,
No hell below us,
Above us only sky,
Imagine all the people
living for today...

Imagine there's no countries,
It isn't hard to do,
Nothing to kill or die for,
No religion too,
Imagine all the people
living life in peace...

Imagine no possessions,
I wonder if you can,
No need for greed or hunger,
A brotherhood of men,
imagine all the people
Sharing all the world...

You may say I'm a dreamer,
but Im not the only one,
I hope some day you'll join us,
And the world will live as one

Giselle Gray disse...

Ajude a divulgar a campanha!!

Campanha: Volta Diva Katy
http://katylenebeesmarcky.blogspot.com/

kisses
Gih

Giselle Gray disse...

Juca,
Você disse tudo!!!
Cou publicar seu texto na campanha!
kisses
Gih